Se um dia eu tivesse uma casa…

Sempre imaginei que se um dia eu tivesse uma casa seria assim, feita e pintada de coisas achadas, encontradas falantes, dizendo a vida que trazem em si. Uma casa feita de nada de novo, de jogos completos, projeto encaixado, peças empeçadas sob medida emperrando, nada mecânico… Coisas assim, andantes, nascidas, pedaços achados quicando. Uma cadeira…

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Mangiare. Andare. Seguire.

É domingo à noite, escrevo num presente passado, na tela o filme visto, revisto, prestes a ser visto outra vez. Neste filme, Tempero da vida (2005), pensava ao escrever o que ainda não fora escrito. Andando na manhã de domingo pela cidade da passagem retorno voltando ao lugar recém deixado, seguindo. Caminhando pela cidade, pelas…

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Clarice, te escrevo Marisa

Chico voltou a dormir nos meus pés, ainda está um início de dia nublado lá fora e eu perdi, na minha cabeça, o esboço do que comecei a escrever sem escrever ontem, enquanto a paisagem mudava, enquanto o desenho que se formava era uma pintura estendida de cores em abstrato. Escrevo sobre Marisa, um instante…

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Confissão

Para Peilin Já passaram das 10 da noite, ou das 9, não sei exatamente. Há qualquer coisa denominada fuso horário que na linha redonda do tempo que gira, anuncia que estou a uma hora de lá. Mas o de lá não são as horas, nem estes relógios que se empilham no passar de um tempo…

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(re)criação do mundo

No ângulo da janela no céu o azul da chuva as nuvens se moveram o chão de pedra molhado… No ângulo da janela os céus pingados eu perguntei outra vez se o céu daqui é o mesmo céu de lá… Talvez o mundo tenha sido criado quando de corpos molhados e pés descalços num salto…

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Se eu morresse hoje…

Eu pisava o degrau quando pensei que ‘se morresse hoje morreria feliz’… Escutava a água caindo sobre as folhas das plantas, fazia silêncio. E do nada lembrei de Clarice Lispector, que quando perguntada sobre o papel do escritor respondeu ‘o de falar o menor possível’. Continuei endereçando a queda da água entre um ‘se eu…

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A luz deitada

Meia-noite começou a aula de filosofia. O avião aterrizou antes das 22h, imagino, não olhei para o relógio. Chove lá fora, em uma semana… Em uma semana, eu ainda não sei. Mas até aqui a imprecisão certeira de um instante onde cabe uma vida me fez respirar e eu respirei. As ruas e as cidades,…

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Eu poderia morar aqui…

Arquipélago de palavras, as mesmas que se repetem e eu repito no rabisco das histórias de um lugar onde poderia viver, não a geografia ou os argumentos. Mas – talvez – o contrário… Invisível, encontrada na lente das leituras quando acontecem, incomunicáveis. Ali onde não estão as palavras contadas, contantes… incontáveis, errantes… A xícara de…

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Mas eu escrevo…

Eu queria escrever sobre um instante em que o único esforço que se deve fazer é o de se deixar levar ao prazer de entrar em uma gelateria e pedir quais são as opções veganas e entre elas então escolher “pistacchio e cioccolato fondente nel cono, per favore”, também este vegano… O único esforço é…

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para Pássaro…

Ensaio retornos, paro nas calçadas ou nas vírgulas, frases restam sem ponto final… Trechos repetem-se no sopro imaterial dos meus ossos ocos rocos, pássaros refazem as luzes no céu. O mistério é eu não saber dizer, Clarice, essa presença incompreensível nas palavras. E a tentativa de dizer esconde ou camufla ou maquia o que seria…

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