Arquipélago de palavras, as mesmas que se repetem e eu repito no rabisco das histórias de um lugar onde poderia viver, não a geografia ou os argumentos. Mas - talvez - o contrário... Invisível, encontrada na lente das leituras quando acontecem, incomunicáveis. Ali onde não estão as palavras contadas, contantes… incontáveis, errantes... A xícara de café escorada na bancada onde ainda há migalhas de pão, o silêncio entre o duplo vidro, os goles da saliva… 'Eu poderia viver aqui'… Invisível, encanando as linhas tubos dessas palavras gastas, ouvindo seu som ecoando entre tubulações que não existem, foram trocadas, abandonadas, sem paradeiro. Penso nos poemas não escritos, que foram gravados na tonalità non della voce, ma na tonalità del respiro… La tonalità del respiro. Penso na bagagem sem computador, a escritura feita de caderno e caneta, nas câmeras e nos rolos esquecidos, nas imagens (in)alteradas. Os pés ainda parados, esquecidos onde… poderiam… e a xícara ainda sobre a bancada quente, a cor da madeira. O invisível, visto da janela… E ao acaso, espiro de um caso assim improvável provado, escapado, a fotografia nublada, nuvole… Entre dedos, procurando nada, a fotografia. Através dela os goles bebidos das palavras de uma tal(vez) infinita história existente de um será… talvez. Quando eu poderia e continuo morando aqui... (30.07.23 - Fotografia - Copenhagen)