[intitulável]

“(…) insistiu em tragar. Doeu fingindo o riso em cores na cara, na euforia que a cansava. Que a alcançava numa cobrança vinda em pedaço de papel somado em estreitas margens recortadas. O mundo não era seu. O portão não era seu. A sexta-feira maquiada como sempre o de sempre não era sua. O futuro…

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Nada

nome cego.estraçalhado limite.se entender perco…a compreensão.acho.me perco.Eu que não sinto saudadeSintoRecentetarde que termina cedoesfumatura de lua que lá longe…Lá longe,Esboçada em pedaços de nuvens,Guarda o mundo…Que lá longe esquece a continuidade…Eu não entendoSe entendoNão escrevo.Nunca entendonadapor isso [talvez] não fui boa aluna… do primário à faculdade (só) acumulei chaveiros…Não dizem nadaVidros vazios rotulados.No espaçoSala de aula viajavanos calçados…

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Trecho – Aulas de piano

“Dizem que sessenta segundos cabem num minuto. Tem coisas que nunca se firmam em via verdade. É sempre a primeira vez de nada e tudo. O resto resta insabido em quem é quem – quem? – nos olhos a frente, no papel molhado… Mas sobre isso não há certeza. Fica… (Fica) sem saber o que…

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Chovi…

ChoviPétalaFolhaque voae nadae some…Chovi pó,na mãodeslizou a pedra geladailusão do algodãogrão no prato,no asfalto, na contramãomãos.ChoviSem hora sem diaMorta vivaEscrevi.Chovi.Chovi sobre o guarda-chuva.Fechei o tempo e carreguei-me nuvem escura. Cada nuvem que estacou no céu espaço aqui agora. Amassei as cores num canto ângulo, grau… Montei tabuleiro céu frio e então caí…Pingos grossos, densos, profundos, fundos que…

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Terceira pessoa – eu

Não via sentido. Disfarçava, como se fosse personagem riscando dores de mundo… Como se através do beijo não dado colocasse em outra boca um dia próprio. Não havia sentido…Palavras faltavam, fugindo.Sentimentos ficavam parados pela metade, inibidos, inseguros. Não confiavam na imposição de outra pessoa.Era eu quem os amparava.Eu que os embalava chorando, chorando, chorando no colo…

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Cartas a um jovem poeta

Semanas passaram da sexta-feira em que tudo parecia agitação, evento, encontro, copo corpo agitado com taça de vinho… Eu não sei bem como foi… Eu estava no sofá mexendo em pastas. Abertas, cada uma delas arquivando um lado outro de encontro – mais, caminhada, olhos no jardim, taça de vinho… Eram livros…   Era sexta-feira na…

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Se eu chorar…

Se eu chorar você me acolhe? Se eu chorar agora você se encolhe em mim enquanto me acolhe? Se eu chorar agora quando o mundo me engole você me acolhe? Você me engole se eu chorar encolhida nas voltas do frio da fresta da porta do jardim da outra parte do outro lado do muro…

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Do binário errado

O mundo caia na cabeça se desfazendo. Olhou para o céu sorrindo. Sorria enquanto o mundo caia na cabeça. Na janela, sinais do vento. Quando o trem moveu os trilhos um grão de pó ficou para trás. O café esfriou na cafeteira sem que alguém bebesse o último gole morno. Um pássaro morreu na calçada,…

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Excessos (parte)

Sylvia nunca me esperou. Vitor não soube meu nome. As esquinas não sabem onde estou. Meu estômago roncava querendo botar pra fora a tempestade tropical, os calos na garganta eram silêncios apertados. Eu queria desaguar nos olhos Eu estava seca queimada como floresta esquecida… Esquecida e abandonada nos corpos vivos queimados até a raiz. Queria…

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Era quase…

Em qual hoje fechar os olhos?Quando desmorona o mundo sentido no buraco da alma.Tudo tudo desmoronando agora.Passou.Vira pó e nada, nada sai do lugar…E onde meter a frase seguinte? Nova linha, ponto, seguir em frente, parágrafo…Onde descansa a linha do infinito? Beijo na nuca, meu corpo ausente, a boca do lobo. Ausente.Isolada ilha, confins da história…O…

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